O FANTASMA DO AI-5 (53 anos hoje)

“O passado não conhece o seu lugar. Ele teima em reaparecer no presente”. O poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994) tem razão.

A sociedade brasileira – fundada na escravização, na concentração da propriedade, na dependência externa e no mandonismo – tem um forte viés autoritário. Há autoritarismo na política, na economia, nas relações familiares (o machismo é sua expressão mais visível), nas instituições religiosas e educacionais.

Na República, inaugurada em 1989, o poder não se democratizou plenamente: dominação oligárquica, Estado Novo, proscrição do Partido Comunista na “Guerra Fria”, ditadura imposta por intervenção empresarial-militar (1964-1985), golpe parlamentar de 2016.

Mesmo nos raros períodos de eleições periódicas com pluralismo partidário, o poder econômico mantém seu domínio, com uma sustentação política majoritária, fisiológica, corrompida e direitista, conservadora – que hoje é chamada de “Centrão”.

Há exatos 53 anos era editado o Ato Institucional número 5. O AI-5, baixado na vigência do regime militar, ao final de um ano (1968) em que estudantes, operários e parte da sociedade civil se manifestou contra o autoritarismo crescente, aprofundou o golpe: fechou o Congresso, cassou mandatos, prendeu líderes sindicais e estudantis, perseguiu e baniu artistas, apertou ainda mais a censura. E azeitou a máquina oficial da tortura, do terrorismo de Estado. O horror!

Nossa tragédia atual, quase inimaginável: esse passado de trevas e violência estatal, a soldo e financiado pelo grande capital nacional e multinacional, é louvado pelos que estão no poder federal. Bolsonaro e seus bolsocrentes têm saudades do AI-5, proclamam um mega torturador como ídolo, são nostálgicos da ditadura. Não escondem isso de ninguém.

Sabemos que esquecer o passado é correr o risco de revivê-lo. Não podemos deixar que essa “página infeliz da nossa História” seja “passagem desbotada na memória de nossas novas gerações”, como cantaram Chico Buarque e Francis Hime em “Vai passar”.

O neofascismo e a truculência autoritária avançam no Brasil e no mundo. É urgente barrá-los! Há de passar, com nosso dedicado empenho!

Hoje, 2a feira, a partir das 15:30, em frente ao antigo DOPS, no centro do Rio, haverá uma manifestação pela transformação daquele prédio de horrores em espaço cultural, e contra a anistia a torturadores. Censura, tortura e ditadura nunca mais!

Compartilhe:

Facebook
WhatsApp
Twitter
Telegram
Email

Leia também:

gdqzzgcwiaak9ki

TUDO SOBRE O GOLPE!

Leia todas as informações sobre as tratativas do golpe, a partir das quase 900 páginas do relatório da PF.

Rolar para cima