A data relembra o lançamento, por 102 países, sob a liderança da ONU, em 2003, da Convenção Internacional contra a Corrupção. O Brasil é signatário.
Há muitas formas de corrupção. A de princípios, dos que se vendem por “trinta dinheiros”. A das empresas, com altas propinas para viciar licitações e influenciar políticas públicas. A do mercado, no afã do lucro a qualquer preço. A dos partidos, movidos a grana, patrimonialismo e cinismo, e não a ideias e causas. A da Justiça, quando define sentenças de acordo com a condição social e o prestígio dos acusados. Ou com a mentirosa “imparcialidade” de alguns, que mal escondem interesses políticos e carreiristas.
Tem a corrupção da Comunicação, em alta com as fakes news . Tem a corrupção no mundo religioso, explorando a boa fé do povo, na linha do “templo é dinheiro”, da “prosperidade” (para aqueles poucos que só faltam dizer que “Jesus é o caminho e eu sou o pedágio”).
Tem até a corrupção do ânimo cidadão, que diz que a corrupção é da “natureza humana” e pratica cumplicidade: “não tem jeito”. É a trilha feia para se vender o voto – na eleição, dos eleitores; nos parlamentos, dos eleitos – ou desistir de qualquer consciência coletiva. Assim, a vida fica cinzenta.
Só se combate a corrupção com coerência pessoal e luta por transparência e controle público. Aos que acham tarefa impossível, lembro que leva tempo, gerações até, para que a solidariedade vença a ganância. Mas Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997), deu a dica, ao lembrar do beija-flor tentando apagar, com gota d´água em seu biquinho, o incêndio na floresta: “estou fazendo a minha parte!”.
Façamos!