GOLPE A CONTA-GOTAS

A democracia brasileira é um espasmo no corpo autoritário de escravidão, concentração de renda e autoritarismo que marcam nossa História.

Daí a situação que vivemos agora: um presidente eleito com quase 58 milhões de votos que é, desde sempre, defensor declarado da ditadura e da tortura.

Houve quem dissesse que, na presidência, ele ia ser “contido pelas instituições” e “moderado pela necessidade de governabilidade”. Ilusão. Ou justiticativa de eleitores antipetistas arrependidos. Críticas aos governos de Lula e Dilma são várias e cabíveis, claro, mas nada justifica o voto em Bolsonaro: é uma questão de princípios, de valores. Seja como for, melhor reconhecer o erro do que insistir nele.

Bolsonaro está promovendo um golpe a conta-gotas. Militarizou seu governo, compra apoio no Congresso, ataca o STF, dá aval a madeireiras e garimpeiros ilegais, desdenha da pandemia. A ordem é desmatar e matar, mentir e enganar.

Bolsonaro molda a PF à sua imagem e semelhança, protege seus filhos “zeros” de investigação séria, estimula bolsões fascistóides nas polícias, manda e desmanda nas corporações militares, a começar pelo “seu” Exército. Até aqui não se ouviu uma voz do Alto Comando mais altiva, que afirme com coragem as Forças Armadas como instituições de Estado.

Bolsonaro, comentando a invasão do Capitólio, após a derrota de seu ídolo Trump, disse descaradamente que “no Brasil pode ser pior”. Usa a ausência do voto impresso, nova obsessão de seus seguidores fanáticos, como desculpa para questionar o resultado das eleições do ano que vem. Se acontecerem e caso perca. Está agarrado ao poder com unhas, armas e dentes, babando ódio.

O caminho é um só: o da resistência democrática, desde já. Nas ruas, nas redes, nos Parlamentos, na imprensa, nos movimentos, nas igrejas, nas escolas, no trabalho, no campo e na cidade. Nas conversas de família e vizinhança. Em palavras e atos.

A cada atrocidade, um repúdio. A cada gota venenosa de autoritarismo, a denúncia e o “ódio e nojo à ditadura” que Ulysses Guimarães (1916-1992) proclamou, brandindo a Constituição cidadã de 1988.

Foto: Manifestação no 29 de maio, av. presidente Vargas, Rio. Todos com máscaras, desmascarando a escalada golpista.

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