O governo federal anuncia: não haverá Censo Demográfico em 2021. Censo que, em função da pandemia, já havia sido suspenso ano passado.
Isso significa que a base de dados para se planejar políticas públicas de saúde, educação, proteção social, redistribuição orçamentária, ciência e pesquisa continuará a ser a de… 11 anos atrás! A má alocação de recursos públicos – e mesmo privados – estará “garantida”, absurdamente.
Vagas nas escolas, remédios para postos de saúde, programas de vacinação e renda mínima, apoio à produção agrícola, informações para pesquisas científicas, repasses para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), tudo estará defasado e prejudicado. Até o cálculo do número de vereadores e deputados, que é proporcional à população, deixará de ser feito…
Implementar políticas sem dados atualizados é como olhar um corpo adoentado e diagnosticá-lo sem fazer exame de sangue, radiografia e sequer medir peso e altura… Sem o Censo, o Brasil conhecerá ainda menos o Brasil!
O IBGE – que organiza e realiza o Censo desde 1936, quando foi criado – teve seus recursos reduzidos de R$ 2 bilhões para…71 milhões no Orçamento recém aprovado. Mas dinheiro para emendas parlamentares que nutrem currais eleitorais e recursos para os militares continuam intocáveis.
Não bastassem todos os outros retrocessos, agora é anunciado esse “apagão estatístico”. A presidenta do IBGE, Susana Guerra, vendo o estrangulamento do Instituto, pediu demissão. A seleção para cerca de 200 mil recenseadores, que visitariam nossos 72 milhões de domicílios, foi cancelada.
O Ministério da Economia, de Guedes, garante que “não há risco de paralisação da máquina pública”. E não realizar o Censo, o que é?
O Brasil – de tanto potencial – é um barco à deriva. E ao seu tresloucado capitão, esse que agora nega o Censo, faltam sensatez, sensibilidade e mínimo bom senso.
Café, Cândido Portinari – 1940