O Evangelho desse 5o domingo da Páscoa (João 15, 1-8) é uma lição de ecologia integral!
Jesus, que já falara de pastores e ovelhas, usa agora imagem do mundo vegetal: nós somos uma vinha, Deus é o agricultor, e a seiva que faz cada parreira frutificar é o amor.
Tudo está interligado, integrado. É preciso, às vezes, podar os galhos para virem bons e fortes cachos.
É necessário cortar nossas autossuficiências, egoísmos, orgulhos bestas e vaidades, para sermos úteis ao nosso entorno, à coletvidade.
Tratemos de eliminar os galhos secos, que não servem para nada, senão para sugar energias. Afastar os parasitas, os aproveitadores, os acúmulos desnecessários.
A figura da vinha nos interpela: como são as uvas de nossa existência? Têm ajudado na produção do vinho da justiça, da sinceridade, da retidão e do bem viver? Ou o que mais vem é o vinagre da falsidade, da competição, da indiferença, do autocentramento?
Adélia Prado, poeta, proclama sua fé vital, carnal e “arbórea” diante do Crucificado: “eu te adoro/ ó salvador meu/ que apaixonadamente revelas/ a inocência da carne./ Expondo-te como um fruto/ nesta árvore de execração/ o que dizes é amor/ amor do corpo, amor”.
Na nossa época, proliferam cruzes nas vinhas da ira, do armamentismo, das guerras de extermínio, da devastação ambiental, do ódio virtual, da ascensão dos farsantes e neofascistas.
É urgente jogar no fogo os galhos secos do nosso desencanto! Somos chamados a ser e cultivar as videiras da dignidade humana, da amizade social, da solidariedade, do cuidado com a Casa Comum, para alcançarmos o tempo da delicadeza. Apesar de tudo, há vinhas generosas frutificando…
Vicejemos, ressuscitemos!
Videira em pequena propriedade familiar no Sul do Brasil (internet)