Nesse 3o domingo da Páscoa, proclama-se o “materialismo iluminado” do cristianismo, a religião do Deus feito gente, do Cristo crucificado mas ressuscitado (Lucas 24, 35-48).
Como nós hoje, os discípulos e discípulas estavam assustados, amedrontadas. Eram e são demais os perigos e inseguranças dessa vida…
Jesus chega e faz a saudação da ternura: “a Paz esteja com vocês!”. Cutuca a dúvida e o espanto do/as amigo/as, que temiam fantasmas: “sou eu mesmo, de carne e ossos, vejam minhas feridas, toquem em mim!”. Nosso Mestre é um Deus encarnado.
Seu amor é caloroso! Quer mãos e abraços apertados, quer corpos que se encontrem – e não que se destruam, em agressões, exploração, genocídios e guerras. Ou se fechem em egos vaidosos.
Esse Jesus redivivo não vem para nos condenar e diminuir, mas para “abrir nossa inteligência”!
Por fim, humaníssimo, pede algo para comer. E se alimenta com um peixe assado. Comunhão na partilha, que “sacia nossa fome de pão e de beleza” (frei Betto).
Marcelo Barros, irmão beneditino, me ensina que o peixe era o símbolo dos primeiros cristãos, antes da cruz. Nas catacumbas, desenhavam peixinhos como sinal da sua fé, em meio às perseguições do Império Romano. Peixe escreve-se ICTIS, as iniciais em grego de “Jesus Cristo Filho de Deus Salvador”. Os esbirros do poder não entendiam. Toda repressão é burra.
Peixe é um símbolo forte. Na tradição judaica, representa também o banquete do fim dos tempos, que saciará a todos.
Ontem e hoje, peixe evoca, além do alimento, a vida que vem da água. E, frente aos mistérios dos mares e rios, o desafio de “inventar inventar o cais e saber a vez de se lançar” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos).
Alimentados, cumpramos nossa missão: lancemo-nos ao mar de amar!