LAVARMO-NOS OS PÉS, REPARTIR O PÃO

The Last Supper

(breve reflexão para abrir os dias finais da Semana Santa)

Jesus e os seus – estamos todos e todas convidados! – reúnem-se para a ceia. A sala abriga, a refeição congrega. Os inimigos estão à espreita, mas ali, naquele momento mágico, reina a Paz.

A mesa sustenta, aconchega, prepara para o que virá depois (há o veneno da traição). A mesa alimenta, fortalece para a tormenta.

Jesus surpreende: lava, um a um, os pés dos amigo/as. Pedro reage, considera o gesto de humildade uma humilhação. O Mestre ensina: “se não o fizer, não terás parte comigo” (João 13, 1-15). Todos devem servir, re-partir.

Partilha, fraternura, amor entre iguais – como somos todos, apesar das estruturas sociais que reproduzem desigualdade.

Depois, a repartição do pão e do vinho, na contramão da egoísta acumulação. Eucaristia.

O que se ingere nos constitui, vira carne e sangue e alma. Eternamente. Deus é pão, é vinho: o amor compartilhado ganha corpo, vivifica para sempre.

Comunhão: comum-união dos comuns, dos iguais. Toda refeição serena é comunhão.

Na Missa dos Quilombos (de Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra), Milton Nascimento e Fernando Brant cantam:

“Todo o amor será comunhão/ a alegria do pão e vinho/ você bem pode me dar a mão/ você bem pode me dar carinho (…)

O homem tem de ser comunhão/ a vida tem de ser comunhão/ o mundo tem de ser comunhão/ a alegria de vinho e o pão/ o pão e o vinho enfim repartidos”.

Assim seja!

Hanna-Cheriyan Varghese (1938-2009)

Compartilhe:

Facebook
WhatsApp
Twitter
Telegram
Email

Leia também:

São Pedro e São Paulo - El Greco (1541-1614) A conversão de Paulo - Caravaggio (1571-1610)

PEDRO, PAULO E NÓS

Neste domingo celebra-se a festa de São Pedro e São Paulo, apóstolos pilares do cristianismo.
Pedro e Paulo, tão diferentes. Pedro, rude e franco pescador. Paulo, estudioso escudeiro da lei judaica.
Pedro e Paulo, tão iguais: um nega Cristo três vezes, outro persegue centenas de cristãos.

Cristo na tempestade no Mar da Galiléia (por Rembrandt van Rijn)

SERENIDADE NA TORMENTA

O Evangelho lido hoje em milhares de comunidades de fé do mundo (Marcos 4, 35-41) mostra um Jesus “zen”, leve em meio ao peso do mundo. Dormindo na frágil embarcação sobre ondas revoltas.
Lição de vida nesse universo de temores, incertezas e ansiedades em que navegamos.

Fotos de Eduardo Ribeiro (horta em Santa Rosa de Viterbo/SP) e Igor Amaro (praça em Angra dos Reis/RJ)

SER SEMENTE, SOMENTE

Como Jesus explicava bem as coisas! No evangelho lido neste domingo em milhares de comunidades de fé pelo mundo (Marcos, 4, 26-34), o Mestre usa comparações bem compreensíveis (parábolas) para a multidão que queria ouví-lo.

Rolar para cima