Nesse dia de Natal, promovo o encontro de duas pessoas especiais na tradição cristã: Jesus Cristo, o Deus conosco, o Verbo que se faz carne, e Nicolau, que viveu 4 séculos depois, bispo de Lyria (atual Turquia).
Jesus é o que sabemos – embora tentem adaptá-lo à ordem vigente de muitas maneiras, ao longo dos séculos: um revolucionário, que pregou o amor mais radical, o dom de si mesmo. Um homem que veio ao mundo para afirmar a primazia do doar e doar-se para mais ser. “Ele veio para dar testemunho da Luz” nessa caminhada terrena tantas vezes dominada pelas trevas… (João 1, 1-18). Por isso o Natal é a festa da luz, da alegria, do divino em todas as criaturas, em toda a Criação! Deus é Amor!
Sobre Nicolau, a história conta que desde pequenino, sendo de origem nobre, não se conformava com crianças pobres à sua volta, e compartilhava tudo. “Migrou” para os países nórdicos da Europa como “Santa Klaus”. Na Lapônia (Finlândia), em meio ao rigoroso inverno, firmou-se a lenda de que ia com suas renas distribuindo presentes, sobretudo agasalhos e chocolates, para quem precisasse.
Só na 2a metade do século XIX, na América do Norte, foi criada a figura do Papai Noel (Noel é Natal, em francês). O “bom velhinho” é introduzido na Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Mais que símbolo da solidariedade e da bondade de presentear, a figura rotunda (como o rei Momo) evoca fartura (e gula, talvez) e induz ao consumo como sentido de vida…
Vamos libertar Papai Noel do seu contrato com a Coca Cola e outras corporações do mercado! Vamos resgatar São Nicolau. Esse sim, vem para tod@s.
Em 1990 escrevi um conto de Natal, “A semente do Nicolau” (livro infanto-juvenil até hoje no catálogo da Editora Moderna/Santillana). Ali aproximei Jesus e Nicolau, através do que de fato cria laços e engrandece a vida:: a generosidade. Também conhecida como doação, entrega, serviço.
Ainda é tempo, sempre é tempo: feliz Natal!
Noel na favela (foto Diário do Rio) e Natal no traço da africanidade