Esse último dia de 2023 coincide com a festa da Sagrada Família. Sim, todo laço de amor é sagrado, se firmado em felicidade, ternura e paciência.
Ninguém escolhe a família em que nasce. Bem aventurada(o)s a(o)s que fazem desse acaso e mistério uma construção carinhosa de amparo e mútua correção, por toda a vida.
O evangelho de Lucas (2, 22-40) é pleno de significados: Maria e José caminhando para Jerusalém, a fim de apresentar o Filho no Templo; a recepção do Menino pelo ancião justo, Simeão, que louva a Deus por ter conhecido a “luz de todos os povos” (que trará libertação e tristeza, que “como espada cortará o coração de Maria”); o entusiasmo da também idosa Ana com a chegada da Criança; o retorno da pobre família para Nazaré, onde Jesus cresceria “em fortaleza, graça e sabedoria, abençoado por Deus”.
E nós, temos sabido ser “peregrinos”, desinstalados, caminhando rumo ao templo da vida plena, localizado em toda parte? Estamos crescendo sempre como pessoas, superando egoísmos, neuroses, manias? Somos gratos a Deus por mais um ano vivido, ainda que com inevitáveis dores e tropeços? Aprendemos com as decepções e percalços? Juntamos nossos desejos individuais com as aspirações coletivas por Justiça, Igualdade e Paz? Tivemos capacidade de retornar, sempre que preciso, às fontes do ser, dos valores fundamentais que dão sentido à nossa existência?
De certa maneira, somos todos “refugiados” em busca da Terra Prometida: que sigamos com ânimo na estrada pedregosa, fascinante e desafiadora do Tempo.
Como canta o samba de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, “existe uma força maior que nos guia”. Feliz 2024!
Refugiados, migrantes: Sagrada Família (Kelly Latimore)