PREPARAR OS CAMINHOS!

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Nesse 2º domingo do Advento (preparação para o Natal) é a voz de Isaías que clama no deserto (Mc 1, 1-8): “preparem o caminho do Senhor, consertem suas estradas!”.

E João segue na trilha do profeta, batizando com a água do Jordão – hoje suja de pólvora e manchada de sangue – e anunciando O que virá. Aquele que transforma pelo Espírito e nos convoca a renovar a face da Terra.

João tem a força arrebatadora da coerência. Vive na austeridade – despojado, veste-se com simplicidade, alimenta-se do que a natureza oferece – para concentrar-se no essencial: a conversão radical das pessoas ao justo, ao bom, ao amor. Prega a humanização da humanidade.

João, precursor, não titubeia em denunciar os poderosos de seu tempo: “raça de víboras!”. Mas, para além da ira santa, se enternece ao anunciar Quem virá depois dele, do qual “não é digno de desamarrar as sandálias”.

Isaías, João, Maria, Ruth, Gandhi, Luther King, Lorca, Lumumba, Malês, Marielles, Mãe Bernadete e tant@s mais, como Jesus, clamam no deserto: poucos escutam. São incompreendid@s, muitas vezes pagam com a própria vida sua ousadia de corrigir caminhos, gritar por “um novo céu e uma nova terra”.

Hoje completam-se 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Olhando o mundo atual, a Declaração também parece um brado no deserto: guerras de ocupação e extermínio, armamentismo, fanatismos doentios, abissal desigualdade social, devastação da natureza.

A mãe Terra, que nos alimenta, reage aos maus tratos, com secas e enchentes, vírus letais e extinção de espécies. Reclama que está à beira do esgotamento, pede cuidado. Clama no deserto?

Descobrimos, afinal, que direitos humanos e direitos da natureza são duas faces da mesma atitude urgente que todos devemos ter, para restaurar a dignidade de viver, rompendo com os grilhões do egoísmo sistêmico.

“Preparar os caminhos”, bem mais que ir botando coisas compradas ao pé da árvore de Natal, é adubar o solo onde ela cresce com a cultura dos direitos (e seus inerentes deveres sociais). É regá-la cotidianamente com a prática da justiça, do respeito ao outro, da franqueza e da generosidade.

Clamar no deserto, como tantas vezes parece que fazemos, é sabê-lo fértil, apesar das aparências e ocorrências. É crer que seremos, algum dia, escutados. A Eterna Criança teima em nascer.

Há caminhos, há pés para trilhar, há braços, há vida pulsando (foto de Eduardo Ribeiro)

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