NA TRILHA DA ALEGRIA

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Este 3º domingo do Advento é o “domingo da alegria” (“gaudete”). O Natal e a Eterna Criança estão chegando!

Quando menino, me impressionava muito a oração “Salve Rainha”, que sabia de cor: “a vós suspiramos, gemendo e chorando, nesse vale de lágrimas”. Eu a recitava inteira, mas ela não batia com a infância feliz que pude ter (a que todas as crianças do mundo têm direito).

A vida não é um “desterro”, tanto que o próprio Deus do Amor se fez carne e habitou entre nós. “Tudo que move é sagrado” (Amor de índio, Beto Guedes e Ronaldo Bastos).

Sim, tem doença, perda, tristeza e agonia, mas somos vocacionados à alegria.

Isaías (61, 1-5) a anuncia na tarefa coletiva de construção de uma nova sociedade: “boa notícia aos pobres, cura de corações feridos, libertação dos escravizados, liberdade aos cativos”. Como estamos cumprindo isso nos dias de hoje?

João (1, 6-8, 19-28) relata a alegria na missão do xará Batista, que é “voz que clama no deserto” e alerta pra consertar o errado. João Batista que proclama, até com euforia, o Mistério que os sacerdotes e os donos do poder desconheciam… “Da boca dos pequeninos arranquei um louvor!” (Mateus, 21, 16).

Esse domingo é dia de buscar, ainda uma vez, as fontes da nossa alegria. Ela não está nos bens acumulados, na vaidade da posse, na capacidade de consumir o supérfluo, como o sistema do “messianismo de mercado” propaga.

Ela vem mansa, no olhar generoso para o outro, nas ondas do mar, no silêncio da mata, no amor realizado: alegria é boa companhia!

Alegria é gosto de viver e servir, apesar de tanto ego inflado e cobiça predatória.

Alegria é da arte a melhor parte. Está nas canções de amor e dor. De fé no que virá: “mas renova-se a esperança/ nova aurora a cada dia/ e há que se cuidar do broto/ pra que a vida nos dê flor/e fruto!” (Coração de estudante, Milton Nascimento e Wagner Tiso).

Alegria, alegria!

Foto: Roney

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