Nesse domingo, a parábola que Jesus conta (Mateus, 25, 1-13) é um chamamento à prontidão, para uma vida em busca da plena luz (que não dependa de concessionárias de energia – rsss).
Nossa existência, como a das “dez noivas” – na cultura da época, assim também eram chamadas as amigas mais íntimas da noiva, que a “amadrinhavam” nas bodas – deve ser um constante “sair” ao encontro do Amor (aqui representado pelo “noivo que chegou”).
Para tanto, é preciso manter a chama acesa, “estar atento e forte”. É imprescindível ter sempre o “óleo” da pureza, da compreensão (que não é conformismo), da flexibilidade (que não é submissão). “Azeitar” a sensibilidade, o vigor, a ternura, o bom ânimo, a ânsia pelo que é justo, bom, simples e belo.
Caminhamos entre trevas e luz, insensatez e sabedoria, aparência e essência.
Quais são as nossas escolhas? Estamos desperdiçando o fogo existencial que nos foi dado? Esbanjamos na superficialidade do mundo das coisas, da ilusão possessiva, o dom da vida – imersos na sombra da cultura da maquiagem e da mediocridade?
Para enfrentar a grande noite das opressões, do ódio e das mesquinharias é um imperativo buscar a luz do dia, a claridade da nossa verdade interior. Portar a vela que se consome queimando o ego vaidoso e.alumiando o ser generoso.
Amanhecer é preciso, clarear é urgente, como fizeram as mulheres com suas tochas, acordando a aurora da paixão e do gosto de viver (Deus, o semelhante e a natureza – o “noivo”! – convidavam). Assim, abriram as portas do Céu.
Essa parábola de alerta (“fiquem vigilantes, pois vocês não sabem o dia nem a hora”) nos exorta a vivermos na infância de Adélia Prado: “uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante. Por muito tempo moramos numa casa, como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo.”
Iluminemos a noite desses tempos de morte. Chamemos o dia. Amanheçamos!
Ain Vares (Estônia): “Ten virgins”