Nesse último domingo de outubro, comunidades cristãs de todo o mundo ouvem a síntese perfeita do sentido da vida: o AMOR (Mateus, 22, 34-40).
Provocado pelos poderosos de seu tempo – donos da religião e da política – Jesus resume as mil leis, regras, mandamentos – tantas vezes formais e hipócritas – que sustentam regimes, sistemas e igrejas: “amar a Deus com todo o seu coração, alma e entendimento, e ao próximo como a si mesmo”.
Lei das leis, Carta Magna da humanidade! Trindade amorosa:
1- Amar a Deus sobre todas as COISAS – superando o fetiche do ter, do “deus mercado”, da posse. Acumulação que “justifica” colonialismo, expansionismo, destruição da natureza, guerra, extermínio, atrocidades sem fim – além de perversidades individuais cotidianas.
Por dinheiro, por coisas, por aparências, em nome de deus (!?!) mata-se e morre!
2- Amar ao próximo é saber que só o Outro nos faz ser. Ser é sempre ser- com-os-outros e estar nesse mundo de semelhantes (“Fratelli tutti”!). “Quem diz que ama a Deus, a quem não vê, e odeia ao seu irmão, a quem vê, é um mentiroso” (1João, 4, 20).
3- Amar a si mesmo não é inflar ego e nutrir vaidade, mas ter autoestima, reconhecer-se digno (nunca superior) e saber-se pulsante como todos os demais seres vivos. É dar graças pela dádiva de existir (“Laudato sì”!). Tornar-se sal da terra e luz do mundo: “não quero ferir meu semelhante/ nem tampouco quero me ferir” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos).
É ainda Agostinho de Hipona quem exorta: “a medida do amor é amar sem medida”.
Amemos, ainda que em meio a tantas dores, para ter um pouco de felicidade desde já. E para alcançar, para tod@s, um tempo de delicadeza.
(o horror: enquanto eu escrevia – ou você lia – essa breve reflexão, quantas crianças foram mortas em Gaza?)