Assunção de Maria. E de Margarida, de Marielle, de Mãe Bernardete…

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Neste domingo, na liturgia católica, é celebrada a Assunção de Nossa Senhora: sua elevação, sua glorificação, sua eternização, vencendo as amarras do tempo, superadas todas as fragilidades da humana condição. Quem não tem essa aspiração? (“Com minha mãe estarei”, cantamos desde sempre…).

O Evangelho de Lucas (1, 39-56) é arrebatador! A jovem Maria caminha seis dias, da Galiléia às montanhas da Judeia, apressada para ver sua prima Isabel, idosa e… grávida!

No encontro, a saudação extasiada de Isabel: “Salve, Maria, você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto de seu ventre!”.

Maria, então, entoa um cântico revolucionário. Louva o Deus que faz maravilhas, que “dispersa os soberbos, derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes, sacia os famintos de bens e despede os ricos de mãos vazias”.

Potente o encontro de Maria e Isabel, gestando Jesus e João. Mães que viveram a dor extrema de perder seus filhos, torturados e mortos pelo poder político e religioso do Império.

Isabel e Maria abençoadas. Precursoras, na sociedade patriarcal, da afirmação das mulheres em sua dignidade. Peregrinas na dor e no amor. Ascendendo do mais doloroso sofrimento à plena e serena libertação.

Maria que é Margarida Alves, Maria também, líder camponesa assassinada há 40 anos. Que ressurge em milhares de margaridas, colorindo a secura do Planalto Central do Brasil a cada 4 anos.

Maria que é franca Marielle, executada covardemente há 5 anos, com Anderson. Homicídio político até agora sem mandantes descobertos. Jovens corpos destruídos que viraram sementes de luta e emancipação, contra a brutalidade.

Maria (das Dores) que é Mãe Bernadete Pacífico, ialorixá quilombola, aguerrida promotora da paz e do bem, morta esta semana com 12 tiros no rosto, em sua casa, em seu terreiro no Quilombo Pitanga dos Palmares (BA), quando estava ao lado de seus três netos!

Crime hediondo que não pode ficar impune, como impune está o que levou seu filho Binho, também quilombola, há 6 anos. Não é admissível tamanha cumplicidade das polícias com a mortandade!

Celebremos, em Maria, a saga de tantas Marias que, ao longo dos séculos, entre lágrimas e alegrias, resistem à barbárie machista, à opressão racista, à dominação sexista.

Elas proclamam a grandeza da vida, de geração em geração! O Deus do Amor, e todos os orixás, e todas as generosas energias as protejam – e à sua descendência de coragem, sempre!

(C.A.)

Imagem: A grande arte de reconstrução de Silvana Mendes (Maranhão), editado.

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