No trecho do Evangelho lido hoje em milhares de comunidades cristãs do mundo Jesus fala da nossa missão aqui na Terra (Mateus, 9, 36 e 10, 1 a 8).
O que o motiva é a compaixão, o sentir a dor do outro, visceralmente: “Jesus viu a multidão aflita e abandonada, como ovelhas sem pastor”.
Sabe do tamanho da tarefa de resgatar o mundo da injustiça, da desigualdade, da maldade, das opressões: “a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos”.
Entende também que o trabalho é coletivo: envia os doze discípulos (simbolizando as doze tribos de Israel, a diversidade da Humanidade). Depois serão reconhecidos 72, inclusive mulheres, como Maria Madalena.
Nada de um “pastor” único, centralizador: a missão de ajudar a massa a virar povo, organizando-se e construindo uma nova sociedade, é compartilhada por muitos. “Ninguém liberta ninguém, as pessoas se libertam em comunhão” (Paulo Freire, apóstolo contemporâneo, 1921-1997).
Jesus não envia os seus para que ensinem a ir ao templo, rezar, pagar o dízimo. Ele os chama para, em saída na direção do outro, curar “de todas as enfermidades”, expulsar tudo o que apequena, limita, mediocriza, adoece. Em resumo, para combater o mal do egoísmo, a negação da nossa vocação: o amor.
Por fim, pede de seus discípulo/as a gratidão, a retribuição pelas dádivas da vida: “vocês receberam sem pagar; portanto, doem sem cobrar” (uma advertência antecipada aos que farão de suas igrejas meio de auferir riquezas e manipular as pessoas, explorando a boa fé do povo).
Ao refletir sobre esse Evangelho, procurei reavivar o sentido de missão que todos temos, qualquer que seja nosso lugar na sociedade. Você está em dia com a sua ou anda acomodado no seu mundinho?
Lembrei de Ariano Suassuna (1927-2014): “a tarefa de viver é dura, mas fascinante. Agradeço a Deus por estar vivo e seguir com vocação, missão e festa”.
Vamos nessa, há muito o que celebrar e fazer! (C.A.)
“A colheita é grande, mas a(o)s camponesa(e)s são pouca(o)s”…
(foto de Eduardo Ribeiro – S. Rosa de Viterbo, SP).