(Breve reflexão dominical pelo Dia das Mães)
No Evangelho ouvido hoje em milhares de comunidades de fé, o filho da dona Maria (e do seu Zé) fala do Amor, do Espírito da Verdade, do Advogado das boas causas. E garante: “não deixarei vocês órfãos” (João, 14, 15-21).
Pois ficamos, desde que nosso cordão umbilical é cortado, imersos na orfandade. Nascidos, tornamo-nos seres à procura: do seio de onde jorra leite e mel, do que nutre, de quem cerque e cuide. Do elo perdido. Do Outro, da Outra – que nos constitui plenamente.
Somos nossa solidão, nossas perdas, nossos medos, nossa incompletude – que só o Deus do Amor supre. Deus que é Pai e, sobretudo, Mãe – gerador, criador. Deus que é relação com a semelhante, feita à Sua semelhança.
A celebração das mães vai além da gratidão por quem nos deu a vida (e está perto ou mora na incurável saudade): sussurrar ou berrar “mamãe”, em qualquer língua, é ânsia de proteção em meio à sociedade hostil, da ternura frente à indiferença, do doar-se no ambiente cinzento do individualismo. Da tantas vezes abafada vontade de amamentar e zelar no tempo da secura e do descarte.
Hoje é dia de resgatar nosso sentimento de pertença, de humanidade, de continuidade. De reconhecer nossa saudável dependência. De louvar o feminino que nos abrigou, trouxe à luz, protegeu e possibilitou. Durante nossa passagem pela Terra, somos todo/as “bezerros gritando mamãe”!
Se puder, aproveite a reunião de família para cantar e dançar com Rita Lee (“enquanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz”), jovial mamãe e avó. Para saber mais de nós e daquelas de quem somos devedores, para sempre: “dizer quem eu sou, estar onde estou, agora só falta você!”
* Título inspirado na suave canção de Zeca Lavigne Veloso, “Todo homem precisa de uma mãe”