Fechou-se a janela das transferências partidárias – período de um mês em que parlamentares podem trocar de partido à vontade, sem serem cobrados por fidelidade, coerência, princípios e programas. Nem pela Justiça Eleitoral.
Foi uma farra: 1/4 dos deputado(a)s federais trocaram de sigla (e outros tantos estaduais)! A maior parte foi para o “revigorado” PL, liberal de fachada, legenda de aluguel, cujo dono é o notório Valdemar Costa Neto. É também o partido de Bolsonaro, o 9º de sua longa e desqualificada “carreira” (já foi do PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC, PSL).
As razões para esse troca-troca? Em quase todos os casos, motivos nada nobres: grana pra campanha, tempo de TV e rádio, acertos locais, promessas de “facilidades”. Ideologia, convicção, doutrina, ideias e causas passam longe. Nojo!
É a degradação total da Política, o império da politicagem, da politicalha. O que os partidos escolhidos defendem? Não importa, o que vale é a chance eleitoral “y otras cositas más” que eles oferecem. Aliás, Moro, o “impoluto”, também entrou nessa “dança das cadeiras” e… desMOROna. Ferrou com o Podemos (a grafia não é com “Ph…”!) e desune o União.
O vice-presidente do PL, capitão Augusto, foi sincero, ontem à noite: “agora o que vale é conta, é matemática para ver quem pode se eleger. Estamos negociando com mais deputados, tentando até o fim do dia”. Quanta mixórdia!
Nosso duro trabalho é ressignificar a Política como atividade vinculada ao bem comum, ao interesse público, à coletividade, pautada pelo objetivo maior de construir uma sociedade igualitária, justa e fraterna. Radicalmente democrática.
É difícil, nesse mundo corrompido pela força do dinheiro, da hipocrisia, do fisiologismo, do individualismo. Mas… “muita diferença faz entre lutar com as mãos e abandoná-las pra trás” (João Cabral de Melo Neto, “Morte e vida severina”).
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