O Ministério da Defesa e os comandantes das três Forças Armadas lançaram uma nota defendendo o golpe empresarial-militar de 1964, que completa 58 anos. Ela contém ao menos sete afirmaçôes falsas, ou “narrativas” distorcidas. Alusão ao 1º de abril, Dia da Mentira?
1 – “Movimento de 31 de março de 1964”: foi golpe, depondo um presidente constitucionalmente eleito pela força militar, e não “movimento”. E Jango caiu em 1º de abril, não na véspera;
2 – “Marco histórico da evolução política brasileira”: foi um retrocesso, uma involução, um retardamento do processo histórico em 24 anos;
3 – “Respondeu aos anseios da sociedade brasileira da época”: só se dessa “sociedade” forem excluídos os trabalhadores urbanos, os camponeses, amplos setores estudantis, parte da classe média e alguns empresários nacionalistas, que não desejaram nem apoiaram o golpe;
4 – “Cenário de ameaças à democracia e liberdade, incertezas com grave instabilidade política, econômica e social”: as reformas de base do período visavam justamente democratizar mais o país, garantir terra, salário e liberdade para as maiorias secularmente marginalizadas, enfrentar a desigualdade social, maior fator de instabilidade;
5 – “Impediu que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”: as eleições presidenciais de 1965 estavam asseguradas e o presidente Jango tinha bons índices de popularidade; nunca, até então, o povo tinha se mobilizado tanto para conquistar seus direitos;
6 – “Período de estabilização, segurança, crescimento econômico e amadurecimento político”: perído de exceção, insegurança, reconcentração da renda, censura, cassações de mandatos, prisões arbitrárias, tortura oficial, mortes, banimento, exílio e desaparecimento de opositores;
7 – “Estabeleceu a paz no país”: paz sem voz não é paz, é medo!
Essa “Ordem do Dia” retrógrada e inconstitucional autoriza golpe de estado, como Bolsonaro aspira – E PROCLAMOU ABERTAMENTE, ONTEM, O DIA INTEIRO. Indução ao crime que tem que ser repudiada! Viva a Democracia! Ditadura, censura e tortura nunca mais!
Foto: Evandro Teixeira/JB – concentração para a Passeata dos Cem Mil (Cinelândia, Rio, 1968)