O BANQUETE DOS DESLUMBRADOS

Convenhamos: Cláudio Castro jamais imaginou virar governador do estado (como, aliás, Bolsonaro ser eleito presidente da República – e isso ele próprio me disse, quando éramos deputados).

Castro é governador sem votos: vice de Witzel. Por aí já se vê o tipo de visão política dele, bolsonarista de carteirinha.

O poder deslumbra e, quase sempre, tira a sensibilidade social. No 1º ano da pandemia Castro já escandalizou, festejando seu aniversário na Região Serrana, “aglomerando” sem os cuidados sanitários que o próprio governo estabelecera e com servidores em desvio de função. Carros oficiais também levaram os convivas.

Agora o homem “mandou descer”, em convescote no Jockey Club para 1,2 mil convidados, com fartura de comes e bebes (de camarões a uísques, vodkas e gins importados). Belo, Alcione e Mumuzinho, entre outros, animaram a festa – sem cobrar cachê, disse a organização do evento.

Festança “ecumênica”: além de secretários e correligionários, o presidente da Assembléia, Ceciliano (PT), esbaldou-se, bem como o “adversário” de Castro na corrida pelo Palácio Guanabara, Santa Cruz (PSD).

Estima-se que o regabofes ruidoso custou de R$ 500 mil a 1 milhão! Quem bancou? À pergunta incômoda, só um secretário, o de Governo, respondeu: “doei um valor, mas não cabe dizer quanto”. O alegado é que Castro “ganhou de presente” a festa, custeada por uma “vaquinha” de secretários e amigos. Valores e fontes pagadoras não foram informados.

O vice que virou governador, cantor gospel, se diz um piedoso cristão. Devia, até por isso, agir com mais parcimônia, sobretudo em momento tão grave que o estado e o país enfrentam. Preferiu capitanear farto banquete em seu próprio louvor (com óbvio viés de campanha) em um Rio de Janeiro que ainda chora as milhares de mortes por Covid e pelas chuvas de Petrópolis. Estado que tem vários restaurantes populares ainda fechados, e inúmeras pessoas em situação de abandono, desemprego e fome.

Não combina. Da autoridade pública, sobretudo em país de tanta desigualdade, impõe-se austeridade, despojamento e transparência. Nossa crise social é profunda.

Saudades de vices bem mais qualificados. Darcy Ribeiro (1922-1997) – vice de Brizola e Secretário de Cultura – lembrava sempre que “a nossa casta dominante é das mais insensíveis e perversas do planeta”. Não se emenda, não se toca!

O Correspondente – charge de Duke

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