Hoje, 28 de março, é o Dia Nacional do Estudante. Relembra o assassinato de Edson Luís de Lima Souto, jovem que participava de manifestação pela melhoria da comida do Restaurante Popular “Calabouço”, no centro do Rio, em 1968. O que era servido lá mais parecia lavagem para porcos. A PM veio reprimir a manifestação – era o tempo da ditadura empresarial-militar – com tiros. Um deles feriu mortalmente o Edson.
Levamos seu corpo até a então Assembleia Legislativa da Guanabara, hoje Câmara Municipal. Velamos o Edson e, no dia seguinte, uma multidão de 50 mil pessoas levou seu caixão, a pé, da Cinelândia até o cemitério São João Batista. Tudo isso, para mim, é história VIVIDA.
Hoje, às 19 h, o vereador Tarcísio Motta, fará uma sessão na mesma Câmara, para rememorar esse dia, outros mortos pelo regime do arbítrio e a força da juventude. Todos lá!
Nossa juventude, em parcelas crescentes, anda descrente da política. Nos últimos 20 anos – de 2002 até hoje – diminuiu em 62% o eleitorado com 16 e 17 anos! Eles compõem a possibilidade de um voto bem qualificado, por voluntário: tira o título e vota quem desejar. É preciso saber porque essa vontade cidadã tem diminuído tanto.
A descrença na política institucional e partidária (necessária para a construção da democracia), tem suas razões: a maioria dos agentes públicos degenera essa função, despreza a participação. Nosso dever é reencantar a juventude com as possibilidades transformadoras da política. Para isso, é preciso chegar até ela, ouví-la, entender suas demandas, falar sua linguagem.
Em todas as épocas da História humana, parcelas importantes da juventude sempre foram portadoras da utopia, das sementes da mudança. Como cantaram Milton Nascimento e Wagner Tiso, “coração de estudante: há que se cuidar da vida, há que se cuidar do mundo, tomar conta da amizade/ Alegria e muito sonho, espalhados no caminho/ verdes planta e sentimento, folhas, coração, juventude e fé!”.
Edson Luís sendo velado, 28/3/1968 – JB, Evandro Teixeira