Desprezando recomendações de sua própria assessoria, Bolsonaro, o autocrata, decidiu ir à Rússia, justo no momento em que aquele país está no epicentro de uma crise internacional sem precedentes, com tropas e tanques na fronteira da Ucrânia.
Bolsonaro vai em “missão de paz”, como os dirigentes da Alemanha e da França? Não, o Brasil é irrelevante nessa questão e a diplomacia do Itamaraty encolheu-se a ponto da insignificância, nos últimos anos – mesmo dentro dos BRICs.
Difícil acreditar que Bolsonaro, que não gosta de estudar, conheça a complexidade das relações Rússia-Ucrânia, e os interesses econômicos ali envolvidos, desde os tempos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Aliás, até se fizer seu costumeiro discurso anticomunista, vai gerar constrangimento: Putin foi funcionário da KGB e há, na Rússia capitalista, respeito pelo passado histórico, sobretudo pela atuação do Exército Vermelho na 2ª Guerra, contra o expansionismo nazista…
Bolsonaro vai recolher experiências de saúde pública, no combate ao corona? De jeito nenhum, os governantes dos dois países têm posições opostas nesse campo. Aliás, o presidente do Brasil, que alardeia não ter se vacinado, terá que passar por 5 testes de Covid até se aproximar de Putin, imunizado faz tempo.
Bolsonaro diz que vai discutir “fertilizantes”, do qual a Rússia é grande produtora. Numa hora dessas, periga a dispendiosa viagem ser, além de inoportuna, totalmente infértil. E pagarmos mais um “mico” internacional.
Desenho de Zédassilva