OS FELIZES E OS MALDITOS(Breve reflexão para cristãos ou não)

Hoje, em milhares de igrejas cristãs da Terra, ecoam as palavras de Jesus no famoso “Sermão da Montanha” do evangelho de Mateus. Que em Lucas (6, 17, 20-26), lido nesse domingo, é o “Sermão da Planície”.

São palavras contundentes, inspiradas pela subida ao monte – entendido na Bíblia como elo entre Céu e Terra. Mas, no relato de Lucas, ditas “num lugar plano, para muita gente do povo”.Ou seja, não é uma exortação só para os discípulos, para a “bolha”.

Ali estão não “mandamentos”, mas constatações de posturas a serem seguidas. Aqui e agora, na vida terrena. O cristianismo é religiosidade encarnada, sangue sadio circulando nas artérias tantas vezes esclerosadas do nosso tempo (Cf em Frei Betto, “Oito vias para ser feliz”, Editora Planeta, 2014).

O “Sermão da Montanha” (ou da Planície) é revolucionário e cortante. Quem o lê ou escuta não pode ficar indiferente.

Jesus anuncia quatro bem-aventuranças, isto é, caminhos de felicidade (que é o que todo mundo busca nessa vida): 1) para os pobres, isto é, os desapegados, a quem posses e dinheiro não aprisionam; 2) para os famintos e sedentos, que sempre estão à procura, inquietos, desejosos; 3) para os que choram, e sabem ver na inevitável cruz alguma luz, para o seu crescimento pessoal e o da sociedade; 4) para os que são odiados, expulsos, amaldiçoados, por incomodarem os senhores do mundo injusto, opressor, mistificador.

Já os malditos (“Ai de vós!”), isto é, infelizes, são: 1) os ricos que se satisfazem com o acúmulo de bens e, egoístas, só pensam em entesourar; 2) os fartos, os saciados, os consumistas, alheios à carências de tantos; 3) os que só gargalham, vivendo na superficialidade, indiferentes ao sofrimento à sua volta; 4) os vaidosos e soberbos, autocentrados e sem autocrítica, que só têm ouvidos para elogios e reverências, tantas vezes cínicas e bajuladoras.

Estou aqui pensando como tenho vivido: na busca da felicidade autêntica ou na trilha da maldição? De que todas as preces e santos e ritos têm nos valido? O “Sermão” é uma chacoalhada. Para quem o acolhe no coração é um “cutucão” pra mudança.

Tarsila do Amaral (1886-1973) – “Religião brasileira” (em homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna)

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