SOBRE O PSOL

Meu partido NÃO É um coração partido. Embora tenha várias correntes dentro dele, como é comum nas agremiações de viés ideológico, o PSOL tem direção e diretriz.

Respeito todos os grupos internos mas, como a grande maioria dos 220 mil filiados ao Partido Socialismo e Liberdade, não pertenço a nenhum. Sentimo-nos bem à vontade assim.

Socialismo e Liberdade são símbolos poderosos, de tensa relação ao longo da História. É a chama da utopia que nos move. Sem ela, aliás, os partidos políticos facilmente se corrompem, pelo eleitoralismo e manobras de cúpula. Pelo poder dissolvente do dinheiro. Pelo autoritarismo burocrático.

O PSOL é um partido ainda pequeno, com vocação de grandeza. Movido a ideias e causas, é imprescindível à frágil democracia brasileira.

O PSOL entende a desigualdade social e a dinâmica do capitalismo de compadrio brasileiro como os nossos principais males. E não dissocia as chamadas lutas identitárias, pelas quais se empenha, da estrutura secular injusta que combate: o racismo é subproduto da escravização dos povos africanos e ameríndios, o machismo e a homo/LGBTfobia são “filhotes” perversos do patriarcalismo oligárquico.

O PSOL não quer ser “vanguarda única do proletariado” nem acredita em mudança social profunda sem a presença de atores não partidários, como associações, sindicatos, igrejas, grupos culturais diversos. Povo trabalhador organizado, cidadania horizontal, participação popular permanente.

O PSOL está empenhado na mesa de diálogo com outras forças progressistas, e em março/abril definirá sua posição em relação às eleições presidenciais. Não estamos olhando apenas para o vértice (presidente e governadores), mas também para a “base”, isto é, para a montagem de fortes chapas às assembleias estaduais e Congresso Nacional. Sem bancada expressiva, programática, os Executivos ficam embarreirados.

Dois parlamentares federais deixaram o PSOL recentemente. Saíram sem abrir amplo debate interno, infelizmente, mas… elogiando o partido. Cálculos eleitorais parecem nortear essas escolhas.

Ser do PSOL, essa construção coletiva, incomoda “personalidades fortes”, digamos, pois a militância cobra. Com todas as nossas precariedades, temos núcleos de base, presença permanente nas lutas sociais (e não apenas nos momentos eleitorais), exigência de coerência.

Posturas equivocadas, que a maioria dos 33 partidos naturaliza, empurra para debaixo do tapete, no PSOL são motivo de apuração e, sendo o caso, de reparação pública ou até de exclusão dos quadros, quando agridem princípios.

Talvez por isso estejamos entre as únicas seis legendas que cresceram, segundo dados do TSE do final do ano passado. Para nós, ampliar não é “inchar”. Filar-se é um ato qualificado de consciência política. Bem vind@ quem chega pra luta!

No Brasil de hoje, há um evidente derretimento partidário, um “pragmatismo” degenerado, um abandono de programas e ideário. O individualismo e a politicagem imperam. O PSOL, longe do sectarismo, não entra nesse “vale tudo”.

Na resistência prioritária ao neofascismo e ao necroestado (que é também o “estado mínimo” ultraneoliberal), buscamos alianças sem perder a identidade.

Apostamos na ressignificação do socialismo: socialização, em longo processo, dos grandes meios de produzir e de governar, com essencial cuidado ambiental. Ecossocialismo e mais democracia, democracia sem fim.

O PSOL, vivo e ativo, sabe que as utopias são muitas e mutantes, todas indispensáveis. Fundamentam nossa caminhada.

“Fica decretado que os girassóis terão direito/ a abrir-se dentro da sombra/ e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,/ abertas para o verde onde cresce a esperança” (Thiago de Mello, 1926-2022)

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