Nesse domingo, em milhares de comunidades cristãs do mundo – com todos os cuidados que a Covid-Ômicron requer – é lido um “duplo” do evangelho de Lucas (4, 14-21) e do profeta Isaías (61, 1-3).
Nessa junção do Antigo e do Novo Testamento está a essência da fé cristã: sentir Deus conosco, perceber o Espírito em nós é sair para fora de nós mesmos. É descobrir que ser é ser-com-os-outros. Papa Francisco, que quer uma “igreja em saida”, não voltada para si mesma, indaga e responde: “sou eu o guardião do meu irmão? Ser uma pessoa humana significa sermos guardiões uns dos outros”.
Jesus, na sinagoga (ele era da rua e também ia ao templo), lê o oráculo de Isaías, que fala de um Javé (Aquele que é) libertador, que resgata seu povo do exílio, da opressão. Jesus repete Isaías e ousa anunciar, com alegria, que nele se manifesta a profecia, a emancipação de todas as formas de escravidão!
No nosso plano pessoal, de pequeninas criaturas, o chamado à missão – as religiões ensinam que todos temos uma em nossa breve existência – também está feito: como temos anunciado a vida aos que dela são constantemente privados? Como temos nos empenhado para construir uma nova sociedade, onde não haja tantos com quase nada e poucos com escandaloso excesso? Como temos nos livrado de tudo o que nos domina, aprisiona, nos torna dependentes – afã por dinheiro, consumismo, aparência, futilidades? Como temos enxergado a luz em meio à escuridão, e ajudado os outros a enxergá-la? Como temos animado os “quebrantados de coração”, nessa época de desencanto, ceticismo, doença e distopia?
Tod@s somos capazes de sentir que o “Espírito de Deus” está em nós (entusiasmo), quando, com nossas limitações, somos portadores da Boa Nova da solidariedade, da igualdade, da ternura para com toda a Criação (do cuidado com nossa casa comum, a Mãe Terra).
A missão: ser e manifestar, nos gestos miúdos e nas grandes atitudes, a Libertação!