Na cultura do prazer – legítimo, mas que não pode ser buscado a qualquer preço – é costume agora celebrar a Sexta-Feira com uma nova expressão: “Sextou!”. Dia de humor renovado pela chegada do fim de semana, do descanso, da curtição – para quem pode…
Bem antes dessa forma de classificar a Sexta, porém, nossa bela raiz africana já tratava com reverência o chamado “último dia útil” da semana (quem disse que sábado e domingo são inúteis?): é o Dia de Oxalá, o grande orixá. Vestir branco na Sexta, para várias tradições do candomblé e da umbanda, é buscar a Paz, boas energias, muito Axé. Elevar-se.
Também na tradição do cristianismo popular a Sexta-Feira, em que se relembra a paixão e morte de Cristo (não apenas na Semana Santa), é dia de recordarmos nossa finitude – da “boca gulosa” do tempo que tudo consome, menos aqueles valores imperecíveis: amizade, palavra, caráter, respeito, senso de Justiça…
No cemitério de Santa Rosa de Viterbo (SP), minha terra materna, onde estão sepultados os corpos de parentes e, de forma crescente, de amig@s querid@s (viver é estação de encontros e despedidas), há uma sepultura que tem um “totem” lindo, que nos joga para o alto, que nos convida a “sextar” buscando o azul do céu, o Infinito.
Adélia Prado, poeta mineira de Divinópolis, onde reside, versou em “Campo Santo”: “Na minha terra a morte é minha comadre (…) A vida e a morte são uma coisa só (…) Ressurgiremos. Por isso o campo-santo é estrelado de cruzes”.
Ascender, criar asas, é preciso – sem tirar os pés do chão. Sextou!