Quase 48 horas depois de ter sido desafiado pelo presidente da Anvisa, Barra Torres, a pedir investigação dos “interesses por trás” da decisão da agência reguladora na autorização da vacina pediátrica, Bolsonaro respondeu – sem responder, sem se retratar:
– Não acusei a Anvisa de corrupção. Mas que tem alguma coisa acontecendo, tem. É comum agências criarem dificuldades para vender facilidades. Agora vão decidir sobre vacina a partir dos 3 anos. Por enquanto, não tenho o que fazer no tocante a isso.
Teria sim, mas sabe que o que diz é “espuma”, mentira. Não pode pedir para investigar a própria leviandade, como no caso das “eleições fraudadas” de 2018, em que venceu. Um irresponsável!
Bolsonaro apenas reiterou a sua irracional bronca com quem tem “tara por vacina”, que substituiu agora por “gana, sanha vacinatória”.
Bolsonaro, o Tosco, o “Capitão Cloroquina”, segue debochando das 620 mil famílias enlutadas pela Covid e atacando a Ciência e a Razão.
Ainda tem quem o apoie, como os pais antivacina da Escola Americana do RJ (trumpistas frustrados?). Conheço gente que diz que “vacina não adianta nada, pois está se vendo que quem tomou está pegando o vírus”. Ingenuidade, má fé ou burrice?
Não percebem que, graças à imunização (viva o SUS!), o número de internações e mortes caiu? E que, hoje, mais de 80% dos que são internados não se vacinaram? E que os efeitos nefastos do vírus nos vacinados são muito menores, com grau de letalidade próxima do zero?
A escritora e roteirista Flávia Baggio (FSP, 6/1/2022) lembra que essa postura é igual a de alguém que sofreu acidente de automóvel usando o cinto de segurança – que nunca deu garantias de 100% aos usuários – e passasse a condenar o uso dele… Ou como a de quem tivesse cárie dentária apesar de fazer higiene bucal cotidiana e começasse a pregar contra a escovação e o uso da fita dental…
A burrice, a desinformação e a má fé ganharam, no Brasil, status oficial. São federais, infestam os mais altos escalões do poder. Até quando, meu Deus?