Hoje em dia, nossa alma e cara se revelam muito pelas chamadas redes socias, que prefiro chamar de virtuais.
O Globo/Época traz um interessante levantamento do twitter de Bolsonaro (mais de 7 milhões de “seguidores”). É Bolsonaro sendo… ele próprio. Ali, um falso Brasil, apenas com aspectos positivos. Negatividade só por parte dos sempre atacados “esquerdistas”, “comunistas” e “liberais traidores”. Ali, nenhum abrigo para a diversidade. Impera a visão autocrata do chefe e dos bolsocrentes. Quem diverge é massacrado e logo depois cancelado.
Também aqueles a quem seguimos nos revelam. No caso do ainda presidente (?) da República, no âmbito político, a única surpresa é Biden. O outrora vice de Trump está lá, já que o ex presidente norte americano está banido das redes. Os pouquíssimos outros que Bolsonaro seguem são da linha ultraconservadora e negacionista. Isso retrata o isolamento internacional do Brasil: o chefete da Nação, tacanho, não consegue pensar grande, ter visão planetária.
No plano musical, só há duplas sertanejas, quase todas masculinas, seus insistentes apoiadores. Nas artes, pintores de… retratos dele e de seus ministros mais exóticos, como o ex-Salles, da devastação do ambiente, e Damares. Nos esportes – quase só futebol – Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Denílson. E apenas o clube Palmeiras, apesar dele se dizer torcedor do Botafogo no Rio e afirmar ter querido a vitória do Flamengo na final da Libertadores, contra o… Palmeiras.
O presidente da República Federativa do Brasil só acompanha os governadores “do peito”: Caiado, de Goiás, Ratinho Jr, do Paraná, e Zema, de Minas. Nenhum dos grandes órgãos de imprensa – todos com algum grau de visão crítica da sua gestão, o que desagrada o autocentrado.
Rede virtual é assim: permite você ficar na sua “bolha”, apenas entre os “seus”, sem sofrer qualquer questionamento: isso vale também para alguns ditos “progressistas”… Pode ser bom pro ego da pessoa, mas para quem tem consciência pública é um atraso democrático e um sectarismo político que, costumeiramente, “dá ruim” no plano eleitoral.
O desafio, para todos nós, é tornar nossas redes virtuais mais sociais e solidárias, de fato. “As coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender” (Paulinho da Viola).