Janeiro, dia 6, é Dia dos Santos Reis. Magos, não reis: sábios do Oriente, da África, berço da Humanidade. Que, driblando Herodes, o infanticida, seguiram a Estrela de Belém para visitar a Eterna Criança. Fizeram o que era seu dever: recusar o poder que mata.
Há Herodes contemporâneos, mas há também aquele(a)s que buscam a sabedoria milenar do Oriente. Hoje as Folias, linda tradição popular brasileira, encerram suas caminhadas natalinas. O que restou? A esperança de um Ano Bom, livrando-nos dos pequenos e grandes males – por mais que os saibamos inevitáveis (alguns deles).
Imaginemos que a “mirra” – essência vegetal usada para evitar dores e sangramentos – é o ensinamento de saber viver sem ansiedade e pressa. Saber saborear, mastigar bastante antes de ingerir. Tem gente de elevado poder (político e aquisitivo) que não consegue fazer isso, quer devorar tudo que está à sua frente. É a sofreguidão ocidental, triste “alma dos negócios”.
Pensemos o “ouro” – o valor fundamental da vida – não como a riqueza material, a ostentação de mansões, jet skis e carrões, mas a percepção do outro como meu semelhante, meu igual, portador de direitos. A capacidade de sentir sua aflição e doar, compartilhar.
Consideremos o “incenso” como nossa possibilidade de ver o invisível, o universo num grão de areia, a sinfonia mais perfeita no canto dos pássaros, no barulho das ondas do mar ou da corredeira de um rio, e não no ronco do motor frenético das pessoas alucinadas pelo “time is money”.
Que a magia dos magos do Oriente nos ensine, inspire, transforme!
(Presentes solidários – desenho infantil africano)