As crianças fazem o Natal, e o Natal são as crianças, nada mais. Nelas está a alegria do presente, sonhado ou não, da permuta de brincadeiras novas com os presenteados da casa ou da vizinhança. Depois, olhos postos na alegria das crianças, apenas supomos que ainda viva em nós a alegria do Natal. Mas o tempo o foi sombreando, com lembranças mais e mais numerosas. Lembranças que se juntam, como em nenhuma outra ocasião, em um todo pesado e leve, amargo e doce, suave e áspero, espesso e etéreo, indescritível como o sentimento do Natal. O Natal é único, e é preciso que seja feliz. O das crianças e seus presentes, o dos adultos e seus ausentes.
(Jânio de Freitas, Folha de São Paulo, 26/12/2001)
“Há um menino, há um moleque, morando dentro do meu coração” (Fernando Brant e Milton Nascimento)