Vejo muita gente na rua, mas poucos com dinheiro pra comprar coisas. O comércio popular até que está mais procurado, mas grandes lojas de produtos caros andam vazias. E olha que alguns acham que esse, afinal, é o Natal pós-pandemia… (Cuidado para que, com nosso descuido e a irresponsabilidade de certas “autoridades”, não seja festa de recepção de nova onda virótica!)
Seria muito bom que as pessoas, em meio às dificuldades e dores atuais, pensassem num presente que não está nas prateleiras das lojas. Um presente que nos damos, ao dá-lo aos outros.
Renascer com o “espírito do Natal” é não se deixar dominar pelo consumismo frenético em que essa celebração foi deformada. É desembrulhar o nosso próprio eu fechado e perceber que ser é ser-com-os-outros. E, assim, dar o melhor de nós: gentileza, atenção e escuta do outro/a; solidariedade para com os marginalizados, recusando o veneno da indiferença; cuidado redobrado com a nossa maltratada casa comum, a Mãe Terra.
Mais: amar os amigos e desarmar os inimigos; pensar globalmente e agir localmente (sonhando alto sempre com os pés no chão), fazer do necessário o suficiente e viver mais simplesmente, para que simplesmente todos possam viver.
Essas atitudes não estão à venda. São dádivas de vida, oferecidas por nossa consciência. Coloquemos na árvore dos nossos mais sinceros desejos. Deixemos nascer em nós novas práticas, generosas e transformadoras. Esse é o Natal mais autêntico.
imagem: Gustav Klint (1862-1918), “A Mãe e o Filho”