Nesse penúltimo domingo antes do Natal, em milhares de comunidades cristãs do mundo ecoa a palavra cortante do profeta João Batista (Lc, 3, 10-18). O seu batismo não é um mero ritual: tem que ser conversão, ruptura com os modos egoístas de viver. Retidão de caráter e generosidade.
Não basta a água que purifica. João fala de quem virá depois dele, com Espírito e fogo. Com a pá para separar o trigo da palha seca, destinada a queimar, por imprestável.
João é indagado por pessoas comuns, por cobradores de impostos, por soldados: o que fazer para bem receber O Esperado, para sentir a presença de Deus e encontrar a perfeita alegria?
João é direto e reto: mudem de vida! Contra o egoísmo acumulativo (essência do capitalismo hoje), partilhem seus bens (“quem tiver duas túnicas, dê a quem não tem; quem tiver comida, faça o mesmo!”). Contra o desvio, o roubo, a corrupção, oponham honestidade e transparência. Contra a mentira, a verdade. Contra a violência opressiva, repúdio à tortura, nenhum maltrato: a luta não violenta e ativa por Justiça.
Contra o Natal do consumismo, do mercado, do autocentramento, a luz da comunhão, a reunião de corações despojados e amorosos. A busca comovida dos pobres pastores da noite, à moda dos lindos sambas de Monarco, que nos deixou ontem. Ele sabia, com Santo Agostinho (354-430 d.C.), que “cantar é rezar em dobro”: “as pastoras e os pastores/ vêm chegando da cidade, da favela/ para defender as tuas cores/ como fiéis na santa missa da capela!”. Contra a sombra da morte e da tristeza, alegria!
Árvore de Natal do Centro de Saúde Ernani Agrícola (S. Teresa, Rio), montada com frascos vazios de vacina. Árvore da solidariedade, da ciência, do cuidado. Árvore da Vida!