Com uma frase – “um passo para um homem, um salto para os evangélicos” – o novo ministro do STF, André Mendonça, indicado por Bolsonaro, de quem foi ministro, demonstrou que o que disse na “sabatina” do Senado foi tão postiço quanto sua nova cabeleira…
Fez ainda questão de mencionar que o que ele chama de “evangélicos” são 40% da população – que, não disfarça mais, “representará no STF”. Como assim? Agora a função de ministro no Supremo é representar segmentos religiosos?!?
Absolutamente nada contra qualquer religião. Eu professo a minha, você a sua, aquele outro tem direito de não ter nenhuma. Mas só o Estado Laico garante a liberdade religiosa, o direito de crença e de não crença. Mendonça não vai para o STF para “representar” a religião A, B ou C, e sim o interesse público, constitucional, plural.
As religiões devem ser fonte de inspiração para seus fiéis, em cada época, lutarem por justiça, igualdade, direitos humanos, fraternidade. Mas, em nome delas, já se matou, barbarizou, torturou, aprofundou-se a exploração e a dominação. Não por acaso, o agora ministro precisou ser “lembrado” pelo senador Contarato (Rede, ES) da abominável violência da ditadura brasileira… Essa mesma que seu (de Mendonça) ex-chefe louva.
Aliás, Mendonça, bolsocrente, perseguiu o chargista Aroeira por ter esse artista indicado que Bolsonaro tem pendores neonazistas…Tem gente que, na vida, é a voz do dono, que é dono de sua voz.
Alô, ministro: na Bíblia há episódios de opressão – de reis, faraós, imperadores, idólatras vários – e de libertação – com profetas, juízes justos (raros), mulheres fortes e, na leitura cristã, Jesus Cristo. De que lado o senhor, “terrivelmente evangélico” (a expressão é terrível), tem estado e estará?