Hoje, ao menos nos EUA e no Brasil, devia ser chamado de “Dia do Consumo Frenético”. A “black friday” não tem vínculo com o movimento “black lives matter”, muito ao contrário: o “black” aí é adjetivo pejorativo, má referência a uma sexta-feira norte-americana em que o valor do ouro caiu artificialmente, em meados do século retrasado. E estímulo ao que, na sociedade do mercado total, importa mais que a vida: o consumo.
Comprar é um imperativo do nosso cotidiano: precisamos nos alimentar, vestir, de ter certas utilidades domésticas. É sempre gostoso e generoso presentear. Mas quando adquirir bens materiais vira obsessão, compulsão, involuímos do “homo sapiens” para o “homo consumericus”.
Muitas vezes ficamos afogados num mar de necessidades artificias, cheio de “dejetos” jogados pela publicidade, pelo marketing. O afã do desnecessário delira! As vitrines nos “vidram”: ao invés da gente possuir as coisas, elas nos dominam!
Conta-se que Sócrates, o filósofo (470-339 a.C.), passeava numa feira em Atenas, mas apenas olhava as mercadorias, sem se deter muito. Indagado sobre o porquê daquela atitude, foi objetivo: “para ver quantas coisas são vendidas de que não necessito…”
Não por acaso, a “black friday” ocorre a um mês do Natal. A troca de presentes no fim do ano é bacana, mas mercantilizar a data é esvaziar o seu sentido maior, colocar o ter acima do ser.
Você, na sua vida, tem nítida a fronteira entre o necessário e o supérfluo? Pratica o consumo responsável, atento aos que não têm acesso nem ao básico e aos cuidados ambientais?
No mundo de hoje, da desiguladade que se aprofunda e do colapso ambiental, vale mais do que nunca o lema da vida serena: “fazer do necessário o suficiente, e viver mais simplesmente, para que simplesmente todos possam viver”.
Além do mais, se “for às compras”, cuidado com as enganações!