“Ô Milton Ribeiro, como você permitiu que o Enem fizesse citações de notórios comunistas, como Chico Buarque, Gonzaguinha e Zé Ramalho, cujas canções detesto? E até de esquerdistas estrangeiros, como um tal de Deleuze e um certo Piketty? Só proibir questões sobre LGBTQIA+, pandemia do vírus chinês e fome – que não existe no Brasil – não foi suficiente pra essa prova ter a nossa cara!
Menos mal que o número de inscritos – 3.109.762 – foi o mais baixo da História. Somando os 26,4% de faltosos, menos gente ficou exposta a esses temas que educadores subversivos conseguiram manter. Fraquejamos na guerra cultural…
É preciso botar um gerente nosso, com plenos poderes, nesse Banco Nacional de Itens, que está cheio de funcionários que admiram o energúmeno do Paulo Freire! Chega, acabou! Só não te demito, Ribeiro, porque não quero me indispor com alas evangélicas perto do ano eleitoral…
Meu consolo hoje é saber que meu amigo chileno, que esqueci o nome agora, da extrema-direita, que tem saudades do Pinochet como eu, foi pro 2º turno no Chile, contra aquele rapaz comunista.
Insisto: nossa bandeira e o ENEM jamais serão vermelhos! Eu estou vermelho de raiva, mas isso não posso controlar… Meu guru, Olavo, já voltou pros EUA, às pressas, logo que foi intimado a depor no inquérito das fake news. Ainda bem que nós lhe oferecemos um voo rápido, pra sair do hospital em SP e entrar no avião em 15 minutos. Veja como fomos eficientes nesse caso, ao contrário da prova do Enem!”
Essa fala do Bolsonaro ao seu ministro da Educação é uma suposição. Não é verdadeira, mas, como disse Giordano Bruno (1548-1600), um frade e cosmólogo “comunista”, que acabou na fogueira da nada santa Inquisição, “se non è vero, è molto ben trovato”.