Os sinais estão aí: aquecimento global, esgotamento dos recursos naturais, extinção de espécies, abismo social, pandemias, um planeta que já não se reequilibra por si mesmo.
Sinais existem desde sempre, o importante é o ser humano – este capítulo frágil da vida na Terra – saber lê-los. As comunidades cristãs que se reúnem nesse domingo ouvem um Jesus profético, que anuncia a grande tribulação e o fim dos tempos (Mc, 13, 24-32). Sem fazer “catastrofismo” nem previsões mágicas: “quanto a este dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho, somente o Pai”.
O anúncio da finitude vale para o mundo, vale para cada um de nós: é preciso preparar-se para esperar até o inesperado – quantas existências são ceifadas num segundo, tragica e precocemente, por acidentes imprevisíveis ou doenças que corroem corpos até então saudáveis?
Além do alerta sobre o abalo das forças naturais, do “super homem” e dos poderes, Jesus anuncia Esperança: pede aos seus que aprendam com a parábola da videira: “quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, o verão está perto”. Há razões para a alegria, há sinais vitais, o pulso ainda pulsa!
Somos, diariamente, desafiados a ver o novo que brota e, ao mesmo tempo, sermos quem possibilita o verão! Para conter a rapinagem sobre o planeta, que os grandes líderes na COP 26 não tiveram coragem de enfrentar com a devida urgência. Para entendermos que o problema não é o clima, mas o sistema de exploração que altera o clima. Para compreendermos de vez que a Terra não precisa de nós, nós é que dependemos dela.
Papa Francisco instituiu, há 5 anos, esse domingo como o “Dia Mundial dos Pobres”. Não para louvar a pobreza em si, mas para exortar ao despojamento do acúmulo de bens materiais e à solidariedade mundial. Para a percepção do outro, ferido na sua dignidade por não ter trabalho, terra, teto, alimento… Um “fim dos tempos” invisibilizado, que atinge milhões, e precisa ser enfrentado. Enquanto é tempo…