“Quem rouba pouco é ladrão/ quem rouba muito é barão/ Quem mais furta e esconde/ passa de barão a visconde”.
Essa quadrinha popular do Brasil Império continua atual. E uma das formas mais descaradas de se surrupiar o dinheiro público é através das tais “emendas do relator” (leia-se Artur Lira e Bolsonaro).
Trata-se de um conluio nada transparente entre parlamentares – os que sustentam o governo e os que se vendem a ele – e os ministérios. A ministra Rosa Weber deu uma meia trava no esquemão; o plenário do STF julga nesta semana.
Mas a mamata (acabou, Jair?) já sugou muita grana: virou “obras”, tratores, tomógrafos, compras vultosas de empresas “amigas”… Tudo alardeado com faixas e placas (ilegais!) de autoelogio – promoção pessoal – para alguns apaniguados carrearem votos. 2022 está chegando.
Sem a engrenagem do toma-lá-dá-cá esses sujeitos não se reelegem. Acorda, povo: não tome como favor o que é direito!
Para aprovar em 1º turno a PEC dos Precatórios (ou dos Predatórios?) na Câmara, o governo “liberou”, em dois dias, R$ 900 milhões! O prefeito de Belford Roxo (RJ) reconheceu que Lira “garantiu mais recursos, a pedido da deputada” (sua esposa). Ela, Daniela do Waguinho, contrariou a orientação de seu partido (MDB) e votou a favor da PEC.
O próprio Lira “assegurou” muito dinheiro para sua própria “base” (começando por Arapiraca): R$ 64,3 milhões – quatro vezes mais que o valor das emendas “normais” destinadas a cada parlamentar.Do total dos R$ 16 bi (!!!) das tais “emendas do relator” orçamento secreto), a quase totalidade vai para líderes do Centrão e aliados do governo.
Essas emendas confirmam e agravam o soneto: “Furta Azevedo no Paço/ Targini rouba no Erário/ E o povo aflito carrega/ pesada cruz ao calvário”.