A PEC DA BARGANHA”Nas noites de Brasília, cheias de mordomia, todos os gastos são pardos” (Millôr Fernandes, 1923-2012)

O cheque em branco de R$ 91,6 bilhões dado a Bolsonaro e a Arthur Lira – a tal PEC dos Precatórios – passou por 4 votos na Câmara dos Deputados, em 1º turno.

Auxílio para os mais pobres no país de 19 milhões de famintos é essencial. Em artigo publicado na FSP (3/11), o professor Carlos Vainer propõe, entre outras medidas, uma moratória não para os precatórios, mas para as famílias com dívidas inferiores a R$ 50 mil. Um governo que desmontou vários programas sociais e não fez reforma tributária inventa essa artimanha agora para multiplicar recursos. Não por sensibilidade humana, mas eleitoral. No seu último ano, quer comprar a reeleição.

Há evidências de que começou comprando deputados, com promessas de liberar até R$ 15 milhões em emendas para quem votasse na PEC. E mais as tais “emendas de relator”, do “Orçamento secreto” controlado por Lira e liberado pelos Ministérios. Só nesse ano eles têm nada menos que R$ 16 bilhões para “fidelizar” aliados e até conquistar votos na oposição. Seguidas “negociações”, às escondidas – e manobras escancaradas – garantiram o quórum para aprovação, por margem pequeníssima.

PSB, PDT e PSDB se declaram de oposição, mas deram, respectivamente,10, 15 e 22 votos para ajudar Bolsonaro! Isso é revelador do derretimento partidário, da falta de ética coletiva e programática. Uma postura vergonhosa de parlamentares de legendas que não se dão ao respeito. Espera-se que, no 2º turno de votação, esses votos suspeitíssimos sejam revertidos.

Os métodos escusos e as “traições” dessa votação trazem à lembrança outro escritor e humorista genial, Apparício Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971): “todo homem que se vende recebe muito mais do que vale”.

Arte sempre atual (infelizmente) do saudoso Nani (1951-2021)

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