A Câmara dos Deputados vai votar hoje ou amanhã a chamada “PEC dos Precatórios”, que parcela as dívidas da União decorrentes de decisões judiciais. Tudo em nome de ampliar o Bolsa, ops, o “Auxílio Brasil”, um Bolsa Família turbinado que Bolsonaro quer para chamar de seu, no ano eleitoral de 2022.
Só que, de cambulhada, essa mudança na Constituição vai permitir aumentar o já bilionário Fundão Eleitoral, de R$ 2,1 bi para R$ 5 bi, quase o triplo do que foi destinado para as eleições municipais de 2020.
As emendas parlamentares também poderão aumentar em R$ 16 bi, o que é um “maná” de votos em ano eleitoral, para reeleger todos os que já têm mandato. Aí estão incluídas as tais “emendas do relator”, em que aliados do governo destinam recursos secretos do Orçamento, em conluio com ministérios, para suas “bases”, sem qualquer transparência.
No Brasil profundo, deputados e senadores nutrem seus currais eleitorais com obras, tomógrafos e tratores, colocando faixas de autoagradecimento aos “benfeitores”. O que é direito da população vira “bondade” do politicão.
Olho vivo, cidadã(o): em nome de justíssimo amparo social emergencial (muito necessário nesse país de 19 milhões de famintos, 14,5 milhões de desempregados e cuja população favelada dobrou na última década!) o pulo do gato – ou melhor, dos ratos – vai se dar com calote em precatórios (há quem conte com esse dinheiro, depois de longa batalha judicial) e, sobretudo, aumentando a dinheirama para emendas parlamentares e fundos partidários. Nada de tirar de juros e serviços da dívida, taxar grandes fortunas ou reduzir excessos das cúpulas dos três poderes. Tudo para reproduzir o sistema e garantir a reeleição dos mesmos de sempre.
A casta não dá ponto sem nó. É o velho costume de quem está no poder: dar com uma mão e tirar com a outra.