CENA COTIDIANA DA CARESTIA, DA CARÊNCIA E DO EGOÍSMO. E DA TEIMOSA SOLIDARIEDADE!

Hoje cedo, no supermercado, vi um senhor, roupas simples, reclamando com bom humor do rapaz que anunciava “promoções”: “Sei que o patrão manda, mas não engana a gente, amigo! Antes de ontem o que v. anuncia como “barato” hoje estava com preço alto, mas menor que esse. Não minta e diga apenas que está, por pouco tempo, um pouquinho ‘menos caro’ que ontem!”

Depois, na padaria onde fui tomar um café, uma moça se aproximou e pediu pr´eu pagar um salgado e um refri. Ela não parecia estar faminta, mas negar alimento não me faz bem. Foi quando olhei para a porta e vi um jovem, em andrajos, com um copinho, recolhendo moedas. Comentei com a moça: “aquele ainda está em situação pior…”. E ela, prontamente: “vou dividir o que o sr me der com ele”. Elogiei a intenção, aumentando um pouco minha “doação”. Ela pegou a “refeição”, agradeceu e saiu rápido.

O trabalhador do balcão, que acompanhava tudo, me falou (eu estava tomando o café e dando uma lida no jornal): “Viu? Passou batida, não dividiu nada!”. Na saída, perguntei ao rapaz que mendigava: “V. não aceitou o que a moça que saiu há pouco lhe ofereceu?”. E ele: “Ela nem falou comigo…”. Tratei de botar alguma soma no copinho dele, embora prefira sempre dar alimento, roupa, e outros bens que não dinheiro.

O rapaz agradeceu, sorrindo com alegria e comentando: “Tem muita gente mentirosa…”. Não é só a mentira, é a indiferença em relação ao próximo. A cultura egoísta dominante às vezes entra dentro dos dominados… O “Mateus, primeiro os meus” está em alta.

O que consola é saber que ainda há gente sensível. E, sobretudo, que existem os movimentos solidários, de compartilhamento, dos que lutam por terra, teto e trabalho. Eles cresceram como nunca nesses tempos pandêmicos, nas favelas, nas periferias, no mundo rural. Graciliano Ramos (1892-1953) já dizia: “o povo não tem amigos. O melhor amigo do povo é o próprio povo, organizado”.

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