Ser professora ou professor é professar: declarar, afirmar, ser convicto – sem pretensão a dono da verdade. Saber o que faz – guardião da dúvida! – e gostar de fazê-lo. Ser educadora ou educador é viver docentemente. Tirar de cada experiência vivida um aprendizado. Mudar sempre, para melhor. E, seguindo a lição do mestre Paulo Freire (1921-1997), fazer permanente releitura do mundo, desvelando suas contradições e possibilidades.
Não quero um Rio só para os professores(as). Sonho nossa cidade como uma grande sala de aula, uma cidade educadora onde todos(as) aprendemos com suas perversidades e encontros, com as rejeições e as acolhidas. Uma cidade pedagógica que, com primazia, respeite, inclusive salarialmente, os profissionais do seu sentido, que são todos(as) aqueles(as) que educam.
Antigamente se dizia “Dia do Mestre”. Pois ser mestra (como Teresa d´Ávila, da espiritualidade celebrada em 15 de outubro) ou mestre é bem mais que ganhar flores no seu dia: é “esperançar”. Anunciar o sol da inteligência, mesmo como pequeno raio, em meio às nuvens pesadas do atraso, da truculência, do ódio, da anticiência.
Ser pedagogo(a) é um pouco como ser parlamentar: convencer pelo argumento, ter retórica sincera. E fazer o que poucos parlamentares, inclusive os bons de oratória, fazem: frequentar um curso permanente de “escutatória”. Estimular o alunado a dizer sua palavra e seus desejos.
Dia da professora – a profissão é predominantemente feminina – e do professor é dia de reconhecer, mais uma vez com Paulo (e Marias, e uma multidão de anônimos), que “a educação não muda a sociedade, muda as pessoas, e essas transformam o mundo”.