Obcecado pela reeleição, que anda ameaçada, Bolsonaro ouviu conselhos para “moderar” a linguagem. Já não diz sandices dia sim outro também. Acredite: completa hoje UM MÊS sem proferir aberrações e asneiras em público: um recorde!
Mas quem não ouve agressão não vê coração. Nem a mão, que assina decretos e impõe vetos. E nesse aspecto, que é o mais importante, Bolsonaro continua o mesmo destruidor de direitos, da decência, da racionalidade, de um caminho democrático para o país. Anda calado, mas segue desatinado.
Vide o recente veto à distribuição gratuita de absorventes para meninas carentes das escolas públicas, mulheres vulneráveis e presidiárias. No Brasil, uma em quatro mulheres não tem dinheiro para adquirir protetores. Como disse a jornalista Vera Magalhães, Bolsonaro “sangra” em popularidade, sobretudo com o eleitorado feminino e pobre, por “mesquinharia e mentalidade tacanha”: “é exaustivo viver no Estado de mal-estar de Bolsonaro. Mal-estar social, econômico, sanitário, cultural, educacional, civilizatório, político” (O Globo, 8/10/21).
O Bolsonaro quietinho também tirou nada menos que 90 % dos recursos da Ciência! Já para as “emendas de relator” do Orçamento secreto, que valem o apoio do Centrão, e para os gastos sigilosos dos cartões corporativos da Presidência o céu é o limite – abundância de grana fácil como os lucros das offshores em paraísos fiscais de alguns de seus ministros, abundância de recursos para comprar mansões em Brasília por parte de seus “zeros” (zeros à direita, com muitos cifrões).
Bolsonaro é uma farsa perversa até quando travestido de “sensato”. O fato é que sua abstinência verbal (até quando?) não corresponde aos seus atos.