Foi num 5 de outubro, em 1988, a promulgação da Constituição Brasileira mais democrática da nossa História. Democrática porque foi elaborada no impulso dos movimentos sociais de superação da ditadura civil-militar implantada em 1964. Mais de 15 milhões de pessoas – eu entre essas – assinaram emendas populares ao projeto. Entidades sindicais, associativas, estudantis, de mulheres, negros, ambientalistas e indígenas se mobilizaram e conquistaram artigos importantes.
À epoca, eu militava no movimento comunitário. A FAMERJ realizou um “Congresso Constituinte de Moradores”, com a participação, no teatrão da UERJ, de cerca de 3 mil pessoas. Construímos ali nossas propostas à Constituinte oficial, notadamente para Habitação.
Eu tive a honra de levá-las a Brasília, em audiência pública, à frente os deputados Vladimir Palmeira (PT) e Delfim Netto (PP), divergentes em tudo, menos quanto à necessidade de ouvir a população organizada.
Daí que saiu o melhor diploma legal nacional da nossa História, incorporando direitos das chamadas minorias, mencionando o exercício do poder do povo também “diretamente”, reforçando o sentido social da propriedade, a soberania nacional, a proteção ambiental, condenando toda forma de discriminação.
Mais de três décadas de sua promulgação, quando Ulysses Guimarães (1916-1992) manifestou seu/nosso “ódio e nojo à ditadura”, aqui estamos, lutando para fazer com que a Constituição do Brasil não seja letra morta. E contra os golpistas que a desprezam.