Em 4 de outubro, há 795 anos, Francisco, o “Poverello de Assis”, pediu aos seus confrades para colocar seu corpo nu sobre a terra nua, e expirou. Acolhendo a “irmã morte” e louvando a vida em seu “Cântico das Criaturas”, poesia religiosa fundadora da língua italiana. Deixou uma herança imaterial (estava despojado de tudo) solar.
Dele falou, lindamente, o grande Alceu de Amoroso Lima (1893-1983): “No meio de uma vida em que se perdera a memória das coisas simples, veio mostrar o sabor da luz, do fogo, da água, do ar, do som, da palavra. No meio de uma sociedade áspera no ganho, veio mostrar a delícia de não possuir. No meio do furor de todas as violências, veio mostrar o milagre da paz e da fraternidade. No meio de uma era complicada, raciocinadora, cheia de hierarquias e preconceitos, veio mostrar a originalidade da natureza, a eloquência das resoluções intuitivas, a coragem de agir sem medo por uma causa mais alta que os mesquinhos interesses do tempo. Francisco de Assis revolucionou a História. Com a fé de uma criança, renovou a alma do mundo”.
O “Sol de Assis” continua atualíssimo, no planeta maltratado pela ganância de alguns e das grandes corporações. E, em especial, nesse Brasil calcinado, desidratado, sugado até por “autoridades públicas” da Economia (!) que, na ânsia do lucro, escondem milhões em paraísos fiscais, ganhando criminosamente com a alta do dólar – enquanto nossa gente sofre todo tipo de carência.
Na contramão dos senhores da cobiça e do ego, pratiquemos o lema franciscano: “fazer do necessário o suficiente, e viver mais simplesmente, para que simplesmente todos possam viver”.