Paulo Freire (1921-1997), patrono da Educação Brasileira (título que o bolsonarismo tenta retirar), pedagogo conhecido em todo o mundo, com livros publicados em diferentes línguas, deixou também uma grande lição de humildade.
Na última entrevista que concedeu, em abril de 1997, pouco antes de morrer, foi indagado por Edney Silvestre: – Professor, como o senhor quer ser conhecido? E Paulo: – Essa é uma pergunta muito gostosa. Eu até vou aprender a fazer esta pergunta a outras pessoas! Sabe que eu nunca tinha pensado nisso? Mas agora que você me desafia… Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, as águas, a vida.
Sabemos que Paulo Freire foi isso… E É também muito mais! Frei Betto, em artigo memorável quando da partida de Paulo (2/5/1997), escreveu: “Ivo viu a uva e não viu a ave que, de cima, enxerga a parreira e não vê a uva. O que Ivo vê é diferente do que vê a ave. Assim, Paulo Freire ensinou a Ivo um princípio fundamental da epistemologia: a cabeça pensa onde os pés pisam. O mundo desigual pode ser lido pela ótica do opressor ou pela ótica do oprimido (…) Agora Ivo vê a uva, a parreira e todas as relações sociais que fazem do fruto festa no cálice de vinho, mas já não vê Paulo Freire, que mergulhou no Amor. Deixa-nos uma obra inestimável e um testemunho admirável de competência e coerência”.
Na foto, Paulo Freire e um professor menor, quando bem jovem…