Assim como ninguém deve se iludir com o “recuo” de Bolsonaro (seu DNA é autoritário e golpista), não é possível considerar que só os “freios e contrapesos das instituições” segurarão o Brasil para não despencar de vez. Aliás, a institucionalidade tem uma atração fatal pela composição, pelo acerto, pelo “deixa disso”, pelo acordão… “Blindemos Bolsonaro e seus asseclas que ele terá bom comportamento”.
É gravíssima a múltipla crise.: sanitária, social, econômica, política, ambiental e ética (a cada dia, os esquemas corrompidos do bolsonarismo e da própria família do “Chefe” vêm à tona). Esse governo destrutivo precisa ser interrompido o quanto antes!
Sem mobilização popular crescente, movida a esperança, não há solução. Nem construção de alternativas. Poucas forças sozinhas não constroem a melhor resistência. Tentar impor hegemonia e ser protagonista exclusivo também não soma.
Li que alguns dos líderes dos atos brancos de ontem disseram que “ainda é tempo” de partidos de esquerda, como PSOL e PT, “chegarem”. Afirmação um tanto arrogante: estamos na batalha do movimento plural e unitário “Fora Bolsonaro” desde o início do ano! E desde maio organizamos, no país todo, fortes atos de rua, multicores. Assim continuará, com previsão da próxima manifestação para 2 de outubro, um sábado. Força total!
Deixemos campanha eleitoral e candidaturas (incluída essa busca da tal “3ª via”), por mais legítimas que sejam, para o ano que vem. A ação comum imediata é “exonerar” esse (des)governo e suas práticas neofascistas. Que a quantidade de arrependidos cresça!
“Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. (…) O tempo é a minha matéria: o tempo presente, os homens presentes, a vida presente” (Carlos Drummond de Andrade, “Mãos dadas”, 1940).
Passos firmes na av. Passos, Centro do Rio (maio de 2021)