Há 20 anos, aviões de carreira foram lançados contra o World Trade Center, trazendo fogo, morte e destruição em Nova York. Até contra o ‘bunker’ do Pentágono uma aeronave sequestrada foi jogada! Um atentado que vitimou quase três mil pessoas – 2.753 nas Torres Gêmeas. O local abriga agora um monumento/museu daquele que foi o maior ataque sofrido pelos EUA em seu próprio território.
Os atos terroristas – que são sempre covardes – eram também uma reação brutal à antiga política do Big Stick (“Grande porrete”), que vinha desde os anos 30, quando o então presidente Franklin Roosevelt proclamou os EUA como polícia do mundo: “com fala macia e um grande porrete, você vai longe”. Traduzindo: ação imperialista. E reação: “se eles atacam aqui, tão distante, vamos atingir o coração deles”. Sempre sobra para a população civil.
Depois dos terríveis atentados, veio a “Guerra ao Terror” de Bush. Mas ela foi bem além da caça aos terroristas da Al-Qaeda. Numa espécie de “atualização” do Big Stick, os EUA estimularam e intervieram em conflitos no Iraque, Afeganistão, Síria, Iraque e Iêmen.
Segundo o Watson Institute (Universidade Brown/EUA), foram cerca de 900 mil vidas perdidas nessas guerras, entre essas as de 236 mil soldados norte-americanos e aliados locais. A derrota no Afeganistão e o retorno ao poder do Talibã revelam o fracasso dessa estratégia.
Um outro 11 de setembro não pode ser esquecido. Aconteceu no Chile, há 48 anos. Aviões da Força Aérea local lançaram suas bombas criminosas contra o Palácio La Moneda, e tanques blindaram um golpe militar fascista, comandado pelo abominável general Pinochet.
Um golpe assassino e reacionário, da ultra-direita. Trama urdida também pela CIA e apoiada pelos EUA. UMA GREVE DE CAMINHONEIROS, GERANDO DESABASTECIMENTO, CONTRIBUIU PARA ALAVANCAR O GOLPE. Instalou-se uma ditadura que produziu 40.280 vítimas fatais, entre executados, desaparecidos e torturados, além de pelo menos 80 mil presos.
O “crime” do governo da Unidade Popular e do presidente Salvador Allende foi acelerar a reforma agrária, nacionalizar as minas de cobre e implementar um aumento de 7% da participação dos assalariados na renda, gerando, já no seu segundo ano de mandato, em 1971, 194 mil novos empregos, grande expansão do consumo e um PIB de 8,5%.
Para Allende, a reforma do Judiciário também era fundamental: “não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos” – dizia “El Chicho”, como era carinhosamente chamado por sua gente.
A História, bem lida, sempre ensina, com suas sombras e luzes. E revela quem está ou esteve do lado certo, por mais que isso demore. Não é “carroça abandonada numa beira de estrada ou numa estação inglória: (a História) é um trem riscando trilhos, abrindo novos espaços, acenando muitos braços, embalando nossos filhos” (Canción por la unidad de latinoamerica, Pablo Milanez e Chico Buarque)