Eu sei que a palavra é difícil, mas faz sentido: despautério é fala ou ação absurda, disparate, despropósito.
Não foi só dos palanques de enormes caminhões de som – o de Brasília se chamava “Demolidor” (!?) – que vieram ataques à democracia e chamamento ao autoritarismo no Dia da Pátria. Também na massa – expressiva, sem dúvida – muitos gritos, faixas e camisetas eram evidentemente antidemocráticos.
Existe o populismo de extrema-direita. Aliás, os regimes nazifascistas que se estabeleceram na 1a metade do século passado (um ´logo ali´em termos históricos) o eram. Sustentavam-se na mobilização da massa pela propaganda política. Uma grande mistificação que levou ao horror, à tragédia, à guerra, à mortandade.
O que impressiona no Brasil é que já estamos na mortandade (da Covid), na fome, no desemprego, na inflação, na devastação ambiental. Mas ainda tem gente – minoria, no conjunto da Nação – que se mexe para defender o negacionismo, as fakenews, a ditadura…
As faixas, cartazes e palavras de ordem predominantes nos atos do Dia do Ensaio do Golpe em que transformaram a data nacional eram “Fechamento do STF”, “Impeachment de Moraes”, “Intervenção militar constitucional”, “Vacina obrigatória não”, “Fora todos os políticos”, “Prisão para os comunistas”, “Voto impresso”, “Armai-vos uns aos outros”.
Todos esses desejos totalitários e obscurantistas abarcados por um “Eu autorizo” que visa dar poderes autocráticos a Bolsonaro. Sem contar as homenagens a figuras nefastas como Roberto Jefferson e generais da ditadura, e recepção calorosa (sem máscaras) a ninguém menos que Fabrício Queiroz…
No contraponto da escalada neofascista, nós dizemos: “Nós não autorizamos”. As ruas e praças, em breve, e as instituições que têm compromisso com a Constituição, desde já, comprovarão. Não passarão!