São cerca de 900 mil brasileiros(as) indígenas, de 305 etnias, falando 274 línguas. Sem contar os vários grupos ainda isolados, não contatados: eles seriam 114, segundo estimativa da FUNAI – praticamente todos na Amazônia.
Esse Brasil originário está sob ameaça. O Brasil oficial, dos engravatados e endinheirados do Congresso Nacional e dos governos, inventou um absurdo “marco temporal”. Ele torna passíveis de revisão todas as terras indígenas demarcadas ou em processo de demarcação de 5/10/1988 para cá. Agronegocistas, mineiradoras, garimpeiros ilegais, extrativistas de madeiras aceleram as invasões. Armas de fogo, bombas e tratores contra arco e flecha dos donos da terra.
Mas essa parte nativa do Brasil resiste! Seis mil indígenas de 176 povos estão acampados em Brasília, para acompanhar o julgamento do “marco” no STF. Defendendo suas vidas, terras e culturas. É nossa obrigação apoiá-los!
A AGU (que virou advocacia particular de Bolsonaro) quis proibir o acampamento e as manifestações, mas o ministro Barroso não acatou essa tentativa de cerceamento.
Ensina Ailton Krenak, de sua aldeia às margens do Rio Doce (tão afetado pelo rompimento da barragem da Vale, em Mariana-MG): “as reservas indígenas, os rios e florestas são do planeta. Delas depende o clima, o regime de chuvas. Até quando as pessoas vão ficar olhando o povo indígena defender sozinho a floresta, levando bomba de gás e spray de pimenta na cara? (…) Se o Brasil continuar nessa batida de destruição, a Amazônia vai virar uma savana estragada, um pântano produtor de doenças, de pandemias. (…) O lobby das mineradoras quer regulamentar seus planos de meter a mão nos territórios. (…) A sociedade precisa parar de olhar o mundo como se fosse um supermercado”.
O Supremo Tribunal Federal não será cúmplice do genocídio da nossa gente brasileira mais original!