1- Alexandre Marques, auditor do TCU, faz, por conta própria, um “arrazoado” não conclusivo, no qual questionava o número de mortes por Covid no Brasil, “apenas para gerar uma discussão”, segundo ele;
2 – Encaminhou esses dados informais ao seu pai, Ricardo Marques, coronel da reserva e ex-colega de turma de Bolsonaro;
3 – O coronel fez chegar ao presidente da República o arquivo em word;
4 – Bolsonaro, na sua cruzada negacionista de parceiro da “gripezinha”, declarou publicamente que “um estudo paralelo do TCU concluiu que 50% das mortes por Covid na realidade não tinham sido causadas pela doença e que estados e municípios estavam superestimando os óbitos para receber mais recursos”;
5 – O TCU desmentiu ser autor do documento e as afirmações do presidente. O próprio auditor, em debate com colegas, concluiu que não havia qualquer evidência de “conluio” entre gestores públicos e médicos para superdimensionar os números;
6 – O documento privado sem fundamento, mesmo assim, foi alterado: o apresentado após a declaração de Bolsonaro ganhou timbre do TCU, trechos destacados, grifados, data, e outras identificações antes inexistentes;
7 – Como o pai do servidor garante que não alterou nada, Alexandre presume que a adulteração ocorreu na Presidência da República, o que seria GRAVÍSSIMA FRAUDE PALACIANA. Aliás, a mesma acusação pesa sobre um documento apresentado pelo ministro Onyx, quando contestou as denúncias do deputado Miranda sobre tentativa de propina na compra de vacina.
Alexandre Marques vai depor na CPI na próxima terça. No processo disciplinar a que responde, no próprio TCU, disse que ficou “totalmente indignado e atônito” quando viu Bolsonaro usar seus apontamentos pessoais: “é uma irresponsabilidade total o mandatário da Nação sair falando que o Tribunal tinha um relatório publicado. Uma afronta às informações públicas, à ciência”.
No país das 567 mil mortes por Covid, que tem um (des)governo voltado para destruir todas as políticas públicas e apoiado por gente como os ex-deputados Roberto Jefferson e Flordelis, nada mais espanta. Mas tudo tem que ser denunciado, combatido, revertido.