“Temos com certeza o presidente mais inculto, primitivo e deseducado de toda a galeria dos governantes brasileiros”, disse meu querido amigo de juventude Roberto Romano (1946-2021), professor de Ética e Política da Unicamp, recém falecido por Covid (“a tristeza é senhora”…).
Bolsonaro é mais, e seu (des)governo espelha: fisiológico, corrupto, sem projeto de Nação que não o da destruição. Agora Jair (já foi!) assume que “está entregando a alma do governo” a Ciro Nogueira, chefe do Centrão. Experiente com as piores práticas da velha política, que abastece seus jatinhos com recursos públicos e é alvo de investigações por conluio com empreiteiras no STF.
Ciro, na linha do Centrão de aderir ao governo de plantão, para sugá-lo, já disse que “Bolsonaro é fascista e Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve”. E daí? Coerência é mercadoria vagabunda para ele e para o governo que agora passa a comandar.
Os generais bolsonaristas, junto com os mais de 6 mil oficiais que têm suas boquinhas lá, são cúmplices desse esquemão degenerado. Comprometem as Forças Armadas, que tentavam, recolhidas aos quartéis, se livrar das “tenebrosas transações” praticadas no regime militar. Volta e meia algum boquirroto saudosista (“brega nato”, “bananeiro”?) ainda ameaça com golpes de ficção, infectando com o vírus do autoritarismo nosso corpo já adoentado.
Bolsonaro, Pai da Mentira, diz que Pazuello fez uma “excelente gestão” na Saúde (mais uma agressão às 552 mil famílias enlutadas na pandemia) e que em seu governo “não há corrupção” (seus filhos, aliados milicianos, cheques pra cá e pra lá, esquema Salles das madeiras e a “propinavac” que o digam!!!).
Os 47 milhões que votaram contra o “Mi(N)to” no 2º turno de 2018 não se surpreendem, sabem que Bolsonaro é no (des)governo o que sempre foi na vida pública, atravessada por seus interesses familiares e privados. Os 42,2 milhões que anularam, votaram em branco ou não compareceram ao pleito devem estar, espero, arrependidos de sua omissão. E muitos dos 57,7 milhões de eleitores, como constato, estão, no mínimo, desconcertados…
É o maior estelionato eleitoral dos últimos tempos! É o Brasil ladeira abaixo, cada vez mais distante do pódio da democracia, dos valores republicanos, da dignidade humana.